Draco Malfoy
- J.K. Rowling
- 4 de nov. de 2014
- 11 min de leitura

ALERTA SPOILER: esta é uma escrita exclusiva de J.K. Rowling e contêm informações referentes aos sete livros e além. Se você ainda não leu toda série, possivelmente essa escrita pode conter informações que estragarão sua diversão no decorrer dos livros.
Draco Malfoy é um estudante de Hogwarts de cabelo loiro-branco, olhos frios e cinzentos e um rosto pálido e pontudo. Selecionado para a Sonserina, cuja família tem sido associada as Artes das Trevas, Draco muitas vezes provoca Harry e seus amigos.
Nascimento: 5 de Junho
Varinha: espinheiro e pelo de unicórnio, 25,40 centímetros, flexível
Casa de Hogwarts: Sonserina
Ascendência: Pai bruxo, mãe bruxa
Draco Malfoy cresceu como filho único na Mansão Malfoy, a magnífica mansão em Wiltshire, que esteve em posse de sua família por vários séculos. Desde muito novo, foi deixado claro para Draco que ele era triplamente especial: primeiro porque bruxo, segundo porque era puro sangue e terceiro porque era membro da família Malfoy.
Draco foi criado numa atmosfera de desapontamento, já que o Lorde das Trevas não havia atingido o sucesso ao tentar assumir o controle da comunidade bruxa. Apesar disso, foi prudentemente lembrado de que tais sentimentos não deveriam ser expressos fora do pequeno círculo composto pela família e seus amigos próximos, senão “o papai poderia entrar em apuros”. Durante a infância, Draco se relacionou principalmente com puros-sangue, filhos de colegas ex-Comensais de seu pai, e portanto chegou em Hogwarts com uma pequena gangue de amigos previamente montada, que incluía Teodóro Nott e Vicente Crabbe.
Como qualquer outra criança da idade de Harry Potter, Draco ouviu histórias sobre o Menino-Que-Sobreviveu durante sua juventude. Muitas teorias diferentes acerca de como Harry havia sobrevivido ao que deveria ter sido um ataque letal estiveram em circulação por anos, e uma das mais duradouras foi a de que Harry era um grande bruxo das Trevas. O fato dele ter sido retirado da comunidade bruxa parecia (para gente tendenciosa) suportar essa visão, e o pai de Draco, o astuto Lúcio Malfoy, foi um dos que aceitaram mais ansiosamente a teoria. Era confortante pensar que ele, Lúcio, poderia ter uma segunda chance de dominar o mundo, considerando que este garoto Potter provasse ser outro, e mais poderoso, campeão puro-sangue. Foi, portanto, no entendimento de que não estava fazendo nada que seu pai pudesse desaprovar, e na esperança de ser capaz de transmitir notícias interessantes para casa, que Draco Malfoy ofereceu a Harry sua mão quando percebeu quem ele era no Expresso Hogwarts. A recusa de Harry à oferta de Draco e o fato de que ele já havia criado lealdade a Rony Weasley (cuja família é detestada pelos Malfoy) faz com que Malfoy se vire contra ele de primeira. Draco percebeu, corretamente, que as esperanças ousadas dos ex-Comensais da Morte — de que Harry Potter era outro, e mais poderoso, Voldemort — eram completamente sem fundamento, e sua inimizade mútua é confirmada a partir desse momento.
Muito do comportamento de Draco na escola foi inspirado na pessoa mais impressionante que ele conhecia - seu pai - e copiava fielmente a maneira fria e desdenhosa de Lúcio com todos aqueles fora de seu círculo fechado. Tendo recrutado um segundo seguidor no trem para a escola (Crabbe já ocupava a posição antes de entrarem em Hogwarts), Malfoy, que fisicamente não impunha medo, usou Crabbe e Goyle como uma combinação de escudeiros e guarda-costas ao longo de seus seis anos letivos.
Os sentimentos de Draco por Harry foram, em grande parte, sempre baseados em inveja. Embora nunca tenha procurado por fama, Harry era, sem dúvida, a pessoa mais falada e admirada da escola e isso naturalmente abalou um menino que cresceu acreditando ocupar uma posição próxima à realeza na comunidade bruxa. Além disso, Harry era mais talentoso ao voar, a habilidade na qual Malfoy estava certo que superaria todos os outros primeiranistas. O fato de que o Prof. Snape, tinha aprecio por Malfoy e desprezava Harry servia apenas como um fraco consolo.
Draco utilizou-se de diversas táticas sujas em sua eterna tentativa de irritar Harry, ou desacreditá-lo diante dos outros, incluindo (mas não limitando-se a) contar mentiras sobre ele para a mídia, produzir broches ofensivos para usar contra ele, tentar amaldiçoá-lo por trás e fantasiar-se de um dos dementadores (aos quais Harry havia se mostrado particularmente vulnerável). Entretanto, Malfoy teve seus próprios momentos de humilhação nas mãos de Harry, obviamente no campo de Quadribol, e a inesquecível vergonha de ser transfigurado em um furão saltitante por um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Enquanto muitos pensavam que Harry Potter, que presenciara o renascimento do Lorde das Trevas, era um mentiroso, Draco Malfoy era um dos poucos que sabia que Harry dizia a verdade. Seu próprio pai sentira sua Marca Negra queimar e voara ao reencontro do Lorde das Trevas, testemunhando o duelo no cemitério entre Harry e Voldemort.
As discussões acerca destes eventos na Mansão Malfoy provocaram sensações conflitantes em Draco. Por um lado, ele vibrava com o segredo do retorno de Voldemort e dos dias que seu pai sempre descreveu como os de glória da família. Por outro, os boatos sobre como Harry tinha, mais uma vez, escapado das tentativas do Lorde das Trevas de matá-lo causavam novas pontadas de raiva e inveja. Mesmo que os Comensais da Morte detestassem Harry como obstáculo e símbolo, ele era considerado seriamente como adversário, enquanto Draco ainda era visto como um garoto colegial pelos Comensais que se encontravam na casa de seus pais. Ainda que estivessem em lados opostos da batalha iminente, Draco invejava a posição social de Harry. Ele se animava ao pensar no triunfo de Voldemort, vendo sua família sendo honrada em um novo regime, e ele próprio celebrado em Hogwarts como o importante filho do braço-direito de Voldemort.
A vida escolar de Draco levou uma guinada brusca em seu quinto ano. Apesar de estar proibido de discutir em Hogwarts o que ouvira em casa, Draco sentia prazer em pequenos triunfos: ele era Monitor (e Harry não) e Dolores Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, parecia odiar Harry tanto quanto ele. Ele tornou-se membro da Brigada Inquisitorial de Umbridge e fez de seu principal objetivo descobrir o que Harry e um grupo de alunos suspeitos estavam tramando, enquanto eles formavam e treinavam, em segredo, uma organização secreta, a Armada de Dumbledore. Porém, no exato momento de sua vitória, quando Draco havia encurralado Harry e seus colegas e tudo indicava que seria expulso por Umbridge, Harry escapou mais uma vez. Pior ainda, Harry conseguiu frustrar a tentativa de Lúcio Malfoy de matá-lo, e o pai de Draco foi capturado e mandado para Azkaban.
Agora o mundo de Draco havia caído. De um lugar em que acreditava ser o ápice da autoridade e prestígio, seu pai foi tirado da casa de sua família e aprisionado, longe, na aterrorizante prisão bruxa guardada por dementadores. Lúcio fora o exemplo e herói de Draco desde seu nascimento. Agora, ele e sua mãe eram párias entre os Comensais da Morte; Lúcio era um fracasso e estava desacreditado nos olhares do furioso Lorde Voldemort.
A existência de Draco havia sido super protegida até este momento; ele tinha sido um garoto privilegiado com pouco a incomodá-lo, tinha certeza de sua posição social do mundo e sua cabeça era cheia de preocupações fúteis. Agora, com seu pai ausente e sua mãe indefesa e assustada, ele precisava assumir as responsabilidades de um homem.
O pior estava por vir. Voldemort, buscando punir Lúcio Malfoy ainda mais pela falha na captura de Harry, exigiu que Draco completasse uma tarefa tão difícil que ele quase certamente fracassaria – e pagaria com sua vida. Draco deveria assassinar Alvo Dumbledore; como, Voldemort não se preocupou em dizer. Draco seria deixado à sua própria iniciativa e Narcisa adivinhou – corretamente – que seu filho havia entrado na armadilha de um bruxo desprovido de misericórdia e que não aceitava fracassos.
Furioso com o mundo, que de súbito parecia ter se virado contra seu pai, Draco aceitou sua integração total aos Comensais da Morte e aceitou efetuar o assassinato que Voldermort ordenara. Neste estágio inicial, sedento por vingança e buscando melhorar a imagem de seu pai para Voldemort, Draco mal compreendia a tarefa que lhe havia sido designada. Tudo o que sabia era que Dumbledore representava tudo que seu pai aprisionado odiava; Draco conseguiu muito facilmente se convencer que ele também achava que o mundo seria um lugar melhor sem o diretor de Hogwarts, que parecia sempre acolher e reanimar qualquer oposição a Voldemort.
Servindo como um Comensal da Morte de verdade, Draco partiu para Hogwarts com um sentimento latejante de propósito. Gradualmente, entretanto, enquanto descobria que sua tarefa era muito mais difícil do que previra, e depois que ele quase matara duas outras pessoas no lugar de Dumbledore, os nervos de Draco começaram a falhar. Com a ameaça a ele e sua família nos ombros, ele começou a sucumbir à pressão. As ideias que Draco tinha de si mesmo e de seu lugar no mundo se desintegravam. Por toda a sua vida, ele endeusara um pai que militava pela violência e não tinha medo de usá-la, e agora que seu filho descobrira em si próprio um desgosto pelo assassinato, ele acreditava que era um fracasso vergonhoso. De tal forma que ele não conseguia se libertar de seus pensamentos: ele recusou diversas vezes a ajuda de Severo Snape, apenas por temer que Snape tentaria lhe roubar a “glória”.
Voldemort e Snape subestimaram Draco. Ele se provou um adepto da Oclumência (arte mágica de repelir tentativas de leitura da mente), que foi essencial para o trabalho secreto que havia assumido. Depois de duas investidas desastrosas contra a vida de Dumbledore, Draco teve sucesso em seu plano engenhoso de trazer um grupo inteiro de Comensais da Morte para Hogwarts, o que resultou, de fato, na morte de Dumbledore... mesmo que não pelas mãos de Draco.
Mesmo quando se confrontou com um Dumbledore fraco e desarmado, Draco não pôde executar o golpe de misericórdia porque, apesar de tudo, ele sentiu-se tocado pela bondade e compaixão de Dumbledore para com seu assassino em potencial. Snape eventualmente deu cobertura à Draco, mentindo para Voldemort sobre Draco ter abaixado sua varinha antes de sua chegada à Torre de Astronomia; Snape enfatizou a habilidade de Draco ao introduzir os Comensais na escola e encurralar Dumbledore para que ele, Snape, o matasse.
Quando Lúcio foi solto de Azkaban pouco tempo depois, a família foi permitida de voltar à Mansão Malfoy com vida. Contudo, eles estavam agora completamente desacreditados. Dos sonhos de pertencer ao mais alto nível social no novo regime de Voldemort, os Malfoy se encontravam na última casta de Comensais da Morte; fracos e insuficientes, a quem Voldemort se dirigia com desprezo e ridicularização.
Draco sofreu uma mudança de personalidade, mais ainda em conflito, se revelou em suas ações no restante da guerra entre Voldemort e aqueles que o tentavam deter. Ainda que Draco não tivesse se livrado da esperança de levar a família de volta à sua posição privilegiada, sua inconveniente consciência o levou a tentar – a contra-gosto, talvez, mas discutivelmente da melhor forma que pôde dadas as circunstâncias – salvar Harry de Voldemort quando o garoto foi capturado e levado à Mansão Malfoy. Durante a última batalha de Hogwarts, no entanto, Malfoy fez mais uma tentativa de capturar Harry e, com isso, salvar o prestígio de seus pais (e possivelmente suas vidas). Se ele conseguiria de fato entregar Harry, isto é outra discussão; eu suspeito que, assim como sua tentativa de assassinar Dumbledore, ele teria achado a prática de tirar a vida de outra pessoa muito mais difícil do que a teoria.
Draco sobreviveu à invasão de Voldemort à Hogwarts porque Harry e Rony salvaram sua vida. Depois da batalha, seu pai resistiu à prisão ao apresentar provas contra colegas Comensais da Morte, ajudando na captura de muitos dos seguidores de Voldemort que haviam fugido.
Os acontecimentos n o final da adolescência de Draco mudaram sua vida para sempre. Ele teve as crenças com as quais havia crescido desafiadas da maneira mais assutadora: experimentou o terror e o desespero, viu seus pais sofrerem por fidelidade e testemunhou o desmoronamento de tudo o que sua família acreditava. Pessoas que Draco não gostava, ou tinha aprendido a não gostar, como Dumbledore, haviam lhe oferecido ajuda e bondade, e Harry Potter dera sua própria vida por ele. Depois dos acontecimentos da Segunda Guerra Bruxa, Lúcio encontrou o filho mais afetuoso que nunca, se recusando a seguir a antiga linhagem puro-sangue.
Draco se casou com a irmã mais nova de um colega da Sonserina. Astoria Greengrass, que havia passado por uma mudança (embora menos violenta e assustadora) semelhante das ideias puro-sangue para uma visão mais tolerante, dando a Narcisa e Lúcio uma nora decepcionante. Eles tinham grandes esperanças de uma menina cuja família se encaixasse "n'Os Sagrados 28", mas como Astoria se recusou a ensinar ao filho a escória dos trouxas, as reuniões de família eram muitas vezes tensas.
Quando a saga começa, Draco é, em quase todos os sentidos, um valentão arqutípico. Com a crença inquestionável de sua própria posição social superior que absorveu dos pais puro-sangue, ele incialmente oferece amizade a Harry no pressuposto de que a proposta só precisava ser aceita. A riqueza de sua família entra em contraste com a pobreza dos Weasley; este também é um motivo de orgulho para Draco, embora as credenciais do sangue dos Weasley sejam idênticas as suas.
Todo mundo reconhece Draco, porque todo mundo já conheceu alguém como ele. As pessoas que acreditam na própria superioridade podem ser irritantes, ridículas ou intimidadoras, depende da circunstância em que elas se encontram. Draco consegue provocar estes sentimentos em Harry, Rony e Hermione em alguns momentos.
Meu editor britânico questionou o fato de Draco conhecer a Oclumência, ramo que Harry (apesar de conseguir produzir Patrono desde novo) nunca conseguiu dominar. Argumentei que era perfeitamente consistente com o personagem de Draco, uma vez que alguém assim seria capaz de controlar, compartimentar suas emoções e negar partes essenciais de si mesmo. Dumbledore diz a Harry, no final de Ordem da Fênix, que a dor faz parte de sua humanidade; com Draco eu tentava mostrar que a negação da dor e a supressão de conflitos internos só danifica cada vez mais a pessoa (deixando-a mais propensa a fazer mal aos outros).
Draco nunca percebeu que ele se tornou, durante uma boa parte do ano, o verdadeiro dono da Varinha das Varinhas. E é bom que isso aconteça, em parte porque Lorde Voldemort é hábil em Legilimência, e teria matado Draco num piscar de olhos, se fizesse ideia da verdade, mas também porque, deixando de lado sua consciência latente, Draco permaneceria preso em todas as tentações que ele foi ensinado a admirar - entre eles, a violência e o poder.
Tenho pena de Draco, assim como de Duda. Ser educado pelos Malfoy ou pelos Dursley deve ser uma experiência bem prejudicial, e Draco passa por provocações terríveis como consequência direta dos princípios equivocados de sua família. No entanto, os Malfoy tem uma graça salvadora: eles se amam. Draco é motivado muitas vezes pelo medo de algo acontecer a seus pais ou a si mesmo, enquanto Narcisa arrisca tudo quando se encontra com Voldemort no final de Relíquias da Morte e lhe diz que Harry está morto, apenas para poder chegar perto do filho.
Por conta disso tudo, Draco continua sendo uma pessoa de moralidade duvidosa nos sete livros publicados, e muitas vezes tive motivo para observar de como fui imensamente abordada por garotas que se apaixonaram por esse personagem fictício em particular (embora eu não descarte a influência de Tom Felton, que interpretou Draco brilhantemente nos filmes e, ironicamente, é a pessoa mais legal que você poderia conhecer). Draco tem todo o glamour sombrio do anti-herói; as garotas são muito propensas a romantizar essas pessoas. Tudo isso me deixou na posição nada invejável de incutir um senso comum impiedoso no devaneio das leitoras apaixonadas; como certa vez disse a elas, severamente, que Draco não estava escondendo um coração de ouro sob todo aquele sarcasmo e preconceito e, que ele Harry não estavam destinados a acabarem melhores amigos.
Acredito que Draco cresceu para encarnar uma versão modificada da existência de seu pai; rico e independente, sem qualque necessidade de trabalho, Draco mora na Mansão Malfoy com sua esposa e filho. Eu vejo em seus passatempos mais uma confirmação de sua natureza dual. A coleção de artefatos das Trevas remonta à história da família, mesmo que ele a mantenha em caixas de vidros inutilizadas. No entanto, seu interesse estranho em manuscritos alquímicos, a partir dos quais ele nunca tentou fazer uma Pedra Filosofal, aponta um desejo por diferença de riquezas, talvez até mesmo o desejo de ser um homem melhor. Tenho grandes esperanças de que ele educará Escórpio Malfoy muito mais amavelmente e tolerante do que ele foi em sua juventude.
Draco teve diversos sobrenomes antes que eu escolhesse Malfoy. Nos primeiros rascunhos, várias vezes ele é Sperto, Spinks ou Spungen. Seu nome de batismo vem de uma constelação — o dragão — e ainda assim o núcleo de sua varinha é de unicórnio.
Isso foi simbólico. Afinal, - e corre o risco de reacender mentes fanáticas - há resquícios de bondade no coração de Draco.

escrito por: J.K. Rowling
traduzido por: Kalel Pessanha/Luly Miranda/Renato Ritto
revisado por: Kalel Pessanha/Mari Anderi/Pedro Martins
postado por: Kalel Pessanha
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