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Horácio Slughorn

Infância


Horácio Eugênio Flaco Slughorn nasceu em uma antiga família bruxa, filho único de pais devotados e abastados. Embora fosse em essência um menino de bom temperamento, foi educado para acreditar no valor de uma rede de contatos tradicional (seu pai era um funcionário de alto posto no Departamento de Cooperação Internacional em Magia) e encorajado a fazer amizade com as “pessoas certas” assim que chegasse em Hogwarts. A família Slughorn é uma das “Vinte e Oito Sagradas” (uma seleta lista que designa as únicas famílias “puros-sangues”, escrita por um autor anônimo na década de 1930). Mesmo que os pais de Slughorn não fossem militantes das crenças puros-sangues, encorajavam uma silenciosa crença na superioridade inata da família.


Horácio foi imediatamente selecionado para a Sonserina quando entrou em Hogwarts. Mostrou ser um aluno excepcional e, mesmo não seguindo fielmente as instruções implícitas dos pais (enumerando entre os amigos vários nascidos trouxas), praticava o elitismo a seu modo: Horácio era atraído por aqueles cujos talentos ou circunstâncias os tornassem diferenciados, alegrando-se com glórias indiretas e deslumbrando-se com qualquer tipo de celebridade. Mesmo em criança, seu desejo de impressionar já causava embaraços, como referir-se às pessoas pelo nome de batismo – o que fazia até mesmo com o Ministro da Magia, satisfeito em insinuar que sua família possuía uma intimidade com o ministro muito maior que a realidade.



Início da Carreira Docente


A despeito das habilidades consideráveis, da admiração por quem desfrutava dos holofotes e das ambições de seus pais por um cargo no Ministério, Horácio Slughorn nunca se sentiu atraído pela vida política. Gostava de seus pequenos confortos e alegrava-se com os deleites indiretos de ter amigos bem-sucedidos, sem querer exatamente seguir os passos de ninguém. Talvez percebesse bem lá no fundo que não tinha a substância com que os grandes ministros eram feitos, ciente de que preferia uma existência menos exigente e mais confortável. Quando lhe ofereceram emprego como mestre de Poções em Hogwarts, ele aceitou com prazer, pois tinha grande habilidade para ensinar e profunda afeição pela antiga escola.


Promovido depois a Chefe da Sonserina, Slughorn continuou sendo um homem agradável e calmo. Tinha suas fraquezas – vaidade, orgulho e certa miopia de julgamento em relação aos bonitos e talentosos –, mas era destituído de crueldade ou malícia. A pior coisa pela qual poderia ser acusado em sua carreira como professor era fazer grande distinção entre os alunos que ele considerava divertidos e promissores e aqueles nos quais não via nenhuma centelha de grandeza futura. A criação do “Clube do Slugue” – um clube de sociabilização extracurricular para seus seletos favoritos – em nada aplacou os sentimentos dos que nunca eram convidados.


Slughorn sem dúvida tinha bom olho para talentos latentes: por mais de cinquenta anos, vários membros do Clube do Slugue, selecionados a dedo, tiveram carreiras fascinantes no mundo bruxo, nos mais variados campos, fosse Quadribol, política, negócios ou jornalismo.



Relação com Voldemort


Para a infelicidade de Slughorn, um dos seus alunos favoritos, um rapaz bonito e excepcionalmente talentoso chamado Tom Servolo Riddle, tinha ambições que iam muito além do Ministério ou da propriedade do Profeta Diário. Manipulador e charmoso quando desejava, Riddle soube exatamente como bajular e enganar seu mestre de Poções e Chefe de Casa para descobrir uma informação mais que proibida: como criar Horcruxes. Muito imprudentemente, Slughorn deu ao seu protegido o conhecimento que lhe faltava.


Embora não apareça nos livros, podemos deduzir, pelo que o Professor Dumbledore conta a Harry Potter sobre suas próprias suspeitas com respeito a Tom Riddle, durante seu tempo na escola, que ele teria alertado seu colega Slughorn para que não se deixasse ser usado pelo garoto. Slughorn, seguro de seu próprio julgamento (que se confirmara tantas vezes antes), considerou tais avisos mera paranoia de Dumbledore, acreditando que o professor de Transfiguração havia tomado uma antipatia incompreensível por Tom, desde que o trouxe do orfanato onde era criado.


Slughorn permaneceu envolvido com Riddle até este terminar a escola, e desapontou-se ao descobrir que seu estimado pupilo, além de recusar todas as maravilhosas ofertas de emprego recebidas, desaparecera, mostrando total desinteresse em manter contato com o mestre por quem parecia sentir tamanha afinidade. Lentamente, nos meses seguintes, Slughorn teve de admitir a si mesmo que a afeição de Tom Riddle poderia, afinal, ter sido fingimento. O sentimento de culpa por ter compartilhado um conhecimento mágico tão perigoso com o garoto intensificou-se, mas Slughorn o reprimiu com mais determinação do que nunca, sem revelar o ocorrido a ninguém.


Alguns anos após a partida de Riddle da escola, quando um bruxo das Trevas de imenso poder chamado Lorde Voldemort se tornou ativo no mundo bruxo, Slughorn não reconheceu de imediato o antigo pupilo. Jamais soube do nome que Riddle já usava entre seus companheiros em Hogwarts; além disso, Voldemort havia passado por várias transformações físicas desde a última vez em que se viram. Quando Slughorn percebeu que aquele bruxo assustador era, de fato, Tom Riddle, ficou horrorizado. Na noite em que Voldemort retornou a Hogwarts, procurando vaga como professor, Slughorn se escondeu em seu escritório, temendo que o visitante se aproximasse e alegasse conhecê-lo. Voldemort não se incomodou em cumprimentar o antigo mestre de Poções na ocasião, mas o alívio de Slughorn durou pouco.


Quando o mundo bruxo entrou em guerra e começaram a circular rumores de que Voldemort, de alguma forma, se tornara imortal, Slughorn teve certeza de que ele havia tornado Voldemort invencível ensinando-lhe sobre as Horcruxes (uma culpa na verdade infundada, pois Riddle já sabia como fazer uma Horcrux, apenas fingira inocência para descobrir o que poderia acontecer se um bruxo fizesse mais de uma). Slughorn adoeceu de culpa e pavor. Alvo Dumbledore, já diretor da escola, tratou o colega com grande gentileza na época, o que teve o paradoxal efeito de aumentar a culpa de Slughorn, reforçando sua determinação de jamais contar a nenhuma alma viva o terrível erro que cometera.


Lorde Voldemort não fez nenhuma tentativa de tomar Hogwarts em sua primeira ascensão ao poder. Slughorn acreditou, corretamente, que estaria mais seguro se permanecesse no cargo em vez de se arriscar no mundo lá fora enquanto Voldemort estivesse à solta. Quando Voldemort encontrou um rival à altura ao atacar o pequeno Harry Potter, Slughorn ficou mais jubiloso que a maioria da população bruxa. Se Voldemort estava morto, refletiu, então não havia feito uma Horcrux, portanto ele, Slughorn, era inocente. Foi o alívio extremo de Slughorn e as frases desconexas que deixou escapar no primeiro arroubo de emoção, ao saber da derrota de Voldemort, que alertaram Dumbledore para a possibilidade de Slughorn ter compartilhado segredos sombrios com Tom Riddle. As gentis tentativas que Dumbledore fez para questioná-lo, no entanto, fizeram-no se fechar. Dias depois, Slughorn (que já havia completado meio século de serviço à escola) entregou sua demissão.



Aposentadoria


Horácio queria desfrutar uma aposentadoria prazerosa, livre dos afazeres de professor e do fardo da culpa e do medo que o acompanharam por anos. Retornou para a confortável casa dos pais (já falecidos), onde havia desfrutado as férias da escola, para tomar residência permanente.


Por quase uma década, Slughorn aproveitou da adega e da biblioteca bem abastecidas, fazendo algumas visitas casuais a antigos membros do Clube do Slugue e oferecendo banquetes em sua casa. Contudo, sentia falta de dar aulas e às vezes tinha tremores ao pensar nos rostos famosos de amanhã que estavam passando por Hogwarts sem ter o menor conhecimento de quem ele era.


Após quase uma década de aposentadoria, Slughorn soube, através de seus vastos contatos, que Lorde Voldemort ainda estava vivo, mas na forma desencarnada. Essa, dentre todas as notícias do mundo, era a que Slughorn mais temia, pois sugeria que seu pior temor tinha fundamento: Voldemort estava vivo sob alguma forma espectral fragmentada, porque seu jovem eu havia criado com sucesso uma ou mais Horcruxes.


Sua aposentadoria agora era preocupante. Insone e apavorado, perguntava a si mesmo se fora prudente ao deixar Hogwarts, lugar que Voldemort temeu invadir anteriormente e onde Dumbledore certamente estaria bem informado sobre o que estava acontecendo.



Esconderijo


Logo após a conclusão do Torneio Tribruxo em Hogwarts (que Slughorn acompanhara pela imprensa com arrebatada atenção), novos temores irromperam no mundo bruxo. Harry Potter havia sobrevivido à competição sob circunstâncias dúbias, retornando às terras de Hogwarts agarrado ao corpo de um amigo competidor, que ele alegava ter sido morto por um Voldemort renascido.


Ainda que a história de Harry fosse inteiramente desacreditada pelo Ministério da Magia e pela imprensa bruxa, Horácio Slughorn acreditou. A confirmação veio três noites após a morte de Cedrico Diggory, quando o Comensal da Morte Corban Yaxley veio à casa de Slughorn na calada da noite, claramente querendo recrutá-lo ou levá-lo à força até Voldemort.


Slughorn reagiu com uma velocidade que teria surpreendido quem o observou tornar-se mais lento, e gordo, ao longo dos anos de aposentadoria: transformou-se em poltrona e conseguiu escapar da detecção de Yaxley. Assim que o Comensal da Morte saiu, Slughorn colocou alguns itens básicos em uma sacola, trancou acasa e desapareceu.


Por mais de um ano saltou de casa em casa, às vezes ocupando moradias trouxas quando os donos estavam ausentes, pois não ousava ficar com amigos que pudessem acabar traindo seu paradeiro – fosse por vontade ou coação. Era uma existência miserável, que se tornava ainda pior pelo fato de não saber precisamente o que Voldemort queria dele. Pensou que mais provavelmente seu antigo aluno apenas queria recrutá-lo para seu exército, ainda era pequeno se comparado ao que possuía no ápice de sua ascensão anterior. Em seus momentos mais sombrios, no entanto, Slughorn imaginava que Voldemort queria matá-lo, para impedir que contasse a fonte de sua contínua invulnerabilidade.



Retorno à Carreira Docente


Ainda que feitiços e azarações mantivessem Slughorn alguns passos adiante dos Comensais da Morte, foram insuficientes para escondê-lo de Alvo Dumbledore, que por fim o localizou no povoado de Budleigh Babberton, onde ocupava uma habitação trouxa. O diretor não se deixou enganar pelo disfarce que havia ludibriado Yaxley e pediu a Slughorn que retornasse a Hogwarts como professor. Como incentivo para a persuasão, Dumbledore levara consigo Harry Potter, a quem Slughorn era apresentado pela primeira vez: o aluno mais famoso que Hogwarts já vira e filho de uma de suas alunas favoritas, Lílian Evans.


Apesar da resistência inicial, Slughorn não conseguiu resistir à tentação de ter um local seguro para residir e ao próprio Harry Potter – alguém com um glamour que excedia até mesmo o de Tom Riddle. Slughorn suspeitou que Dumbledore tivesse outros motivos, mas estava confiante de que poderia resistir às tentativas de adulação de Dumbledore sobre qualquer auxílio que pudesse ter dado a Lorde Voldemort. Armou-se contra essa eventualidade preparando uma “lembrança” falsa da noite em que Riddle se aproximou dele pedindo que falasse sobre Horcruxes.


Slughorn reassumiu seu posto como mestre de Poções em Hogwarts com muito gosto, instituindo novamente o Clube do Slugue e tentando coletar os alunos mais talentosos e bem relacionados do momento. Como Dumbledore esperava e pretendia, Slughorn ficou cativado por Harry Potter, que ele acreditou (erroneamente) ser muitíssimo talentoso em sua matéria. Harry finalmente conseguiu obter de Slughorn a verdadeira lembrança da conversa com Riddle, após usar a própria poção de Slughorn contra ele, a Felix Felicis, a qual deixou Harry irresistivelmente sortudo.



Hogwarts sob a Ordem dos Comensais da Morte


Assim que a escola foi tomada por Lorde Voldemort, com Severo Snape como diretor e os Carrows assumindo papéis fundamentais na submissão de professores e alunos, Slughorn descobriu que Voldemort não tinha nada reservado para ele que não fosse continuar no posto e dar aulas para puros-sangues e mestiços. E assim ele fez, mantendo-se o mais discreto possível, sem jamais forçar a disciplina violenta advogada pelos Carrows e tentando cuidar dos alunos sob seu encargo da melhor forma possível.



A Batalha de Hogwarts


O comportamento de Slughorn durante a noite mais perigosa de sua vida revela o seu real valor. A princípio parecia que ele havia escapado da luta, levando os alunos da Sonserina para um lugar seguro longe do castelo. Assim que chegou em Hogsmeade, no entanto, ajudou a incitar e mobilizar os aldeões, retornando com Carlinhos Weasley na liderança dos reforços em um momento crucial da batalha. Mais: foi um dos três últimos (junto com Minerva McGonagall e Kingsley Shacklebolt) a duelar com Voldemort antes do confronto final com Harry. Slughorn buscou redenção nesses atos abnegados de coragem, arriscando a vida contra seu antigo pupilo.


O remorso genuíno de Slughorn pelo dano que provocou ao contar o que Riddle queria saber é prova conclusiva de que ele não é, e jamais foi, em sua essência um Comensal da Morte. Um pouco fraco, um tanto preguiçoso e sem dúvida um esnobe, Slughorn é todavia gentil de coração, dono de uma consciência plenamente funcional. Em seu teste final, Slughorn revelou-se implacavelmente contrário às Artes das Trevas. Quando sua bravura na Batalha de Hogwarts se tornou pública, seus atos (juntamente com os de Régulo Black, que ganhou notoriedade após a morte de Voldemort) removeram muito do estigma que esteve atrelado à Sonserina por centenas de anos. Agora, mesmo que aposentado (permanentemente), seu retrato tem lugar de honra na sala comunal da Sonserina.



Reflexões de J.K. Rowling


Quinto Horácio Flaco foi um dos maiores poetas romanos, mais conhecido como Horácio. Ele deu a Slughorn dois dos seus nomes de batismo. O nome “Slughorn” deriva do que em gaélico (escocês) seria “grito de guerra”, sluagh-ghairm, que mais tarde deu origem a “slughorn”, uma trombeta de batalha. Adoro essa palavra pelo aspecto e pelo som, mas também por causa de suas muitas associações. O original gaélico sugere uma ferocidade escondida, enquanto sua corruptela parece aludir à antena do Arion distinctus (um caracol terrestre comum), o que funciona bem para um homem aparentemente sedentário e plácido. “Horn”, que também significa corneta, insinua o alarde que ele fazia com os nomes famosos e as associações ilustres.


ANIVERSÁRIO: 28 de abril;

VARINHA: Cedro e fibra de coração de dragão, 26 centímetros, bastante flexível;

CASA DE HOGWARTS: Sonserina;

HABILIDADES ESPECIAIS: ótimo em oclumência, perito preparador de poções e excelente em auto-transfiguração;

ASCENDÊNCIA: pai bruxo, mãe bruxa (uma das supostas "Vinte e Oito Sagradas" famílias);

FAMÍLIA: Nunca se casou, sem filhos (apesar da família Slughorn continuar em linha paralela);

HOBBIES: O Clube do Slugue, trocar correspondência com ex-alunos famosos, vinhos finos e doces.

tradução: POTTERMORE LIMITED © 2016

revisado e postado por: KALEL PESSANHA

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