A Espada de Gryffindor
- J.K. Rowling
- 5 de nov. de 2014
- 3 min de leitura

A espada de Gryffindor foi feita há mil anos por duendes, os ferreiros mais talentosos do mundo mágico. Portanto, é encantada. Fabricada em prata pura, está cravejada de rubis, a pedra que representa a Grifinória na ampulheta que conta os pontos das Casas de Hogwarts. O nome de Godrico Gryffindor está gravado logo abaixo do punho..
A espada foi feita seguindo as especificações de Godrico Gryffindor por Ragnok, o Primeiro – o melhor prateiro dos duendes, sendo portanto o rei (na cultura dos duendes, o governante não trabalha menos do que os outros, apenas possui mais talento). Quando a concluiu, Ragnoka cobiçou tanto que fingiu ter sido roubada por Gryffindor e mandou seus asseclas roubarem-na de volta. Gryffindor defendeu-se com sua varinha, mas não matou seus atacantes. Em vez disso devolveu-os ao seu rei, enfeitiçados para comunicar uma ameaça: se Ragnok tentasse roubá-la novamente, Gryffindor empunharia a espada contra todos eles.
O rei duende levou a ameaça a sério e deixou Gryffindor possuir sua devida propriedade, mas manteve-se ressentido até a morte. Foi essa a origem da falsa lenda do roubo de Gryffindor, que ainda perdura em alguns segmentos da comunidade duende até os dias de hoje.
Embora seja comum questionar porque um bruxo precisaria de uma espada, a resposta é fácil. Antes que o Estatuto Internacional de Sigilo existisse, quando os bruxos se misturavam livremente com os trouxas, eles usavam a espada para se defender tanto quanto a varinha. De fato, era considerado desleal usar a varinha contra uma espada trouxa – o que não quer dizer que nunca acontecesse. Muitos bruxos talentosos eram também exímios duelistas, no sentido convencional da palavra. Gryffindor era um deles.
Assim como a varinha mágica, a espada de Gryffindor parecer ser quase consciente, pois reage ao apelo de socorro dos sucessores escolhidos por Gryffindor. E, assim como uma varinha, parte de sua magia consiste em absorver qualquer coisa que a fortaleça, o que pode ser usado contra inimigos.
Reflexões de J.K. Rowling
Existem muitas espadas encantadas no folclore. A Espada de Nuada, parte dos quatro tesouros lendários dos Tuatha Dé Danann, era invencível quando empunhada. A espada de Gryffindor deve algo à lenda de Excalibur, a espada do Rei Arthur, que em algumas versões deve ser retirada da pedra pelo rei legítimo. A ideia de adequação para se portar a espada ecoa no retorno da espada de Gryffindor aos membros valorosos da Casa de seu verdadeiro dono.
Ainda há a alusão ao surgimento de Excalibur no lago quando Harry precisa mergulhar em um poço congelado na mata para recuperar a espada, em Relíquias da Morte (embora a localização da espada se deva a um impulso vingativo de Snape, que a colocou ali), pois, em outras versões da lenda, Excalibur foi entregue a Arthur pela Dama do Lago, sendo devolvida ao lago quando ele morreu..
No mundo mágico, a posse física não é necessariamente uma garantia de propriedade. Esse conceito se aplica às três Relíquias da Morte e também à espada de Gryffindor.
Eu me interesso pelo que acontece quando crenças culturais entram em choque. Nos livros de Harry Potter, os mais militantes da raça duende consideram que todos os objetos feitos por duendes são seus por direito, embora um objeto específico possa ser feito para que um bruxo o utilize enquanto for vivo, mediante pagamento em ouro. Os bruxos, assim como os trouxas, acreditam que uma vez feito o pagamento, o objeto pertence eternamente a ele e a seus descendentes ou herdeiros. Esse é um choque de valores sem solução, porque cada lado possui um conceito diferente do que é certo. Isso se transforma em um difícil dilema moral para Harry quando Grampo exige a espada como pagamento por seus serviços em Relíquias da Morte.

tradução: POTTERMORE LIMITED © 2016
revisado e postado por: KALEL PESSANHA
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